quarta-feira, junho 03, 2009

O Livro, a Árvore e o Filho!


Dizem que um homem só é homem quando: plantar uma árvore; escrever um livro; tiver um filho…

Recordo, com uma saudade que nem as lágrimas atestam, alguns passeios que, há TRINTA anos, dava com o meu pai! Grande parte destes passeios aconteceu, ao fim de semana, quando visitávamos a aldeia onde moravam os nossos avós. Na qualidade de criança, eu, na altura, claro que conhecia todas as crianças da terra e quando chegava o Sábado, já estava pronto (há cinco dias) para passar o ‘fds’ a brincar com os ‘putos’ da minha idade. Isso aconteceu um número de vezes que é impossível registar aqui, porém, não raras foram outras em que, estando eu em plena diversão colectiva, qual jejum de toda uma semana daqueles amigos, o meu pai aparecia (para ir dar a sua volta por algumas fazendas da família) e, interrompendo o meu êxtase, me perguntava se queria ir com ele. Não me recordo de dizer que não, há-de ter acontecido, claro, mas não me ficou gravado na memória. Tal como na memória não me ficaram gravados estes passeios… estes passeios ficaram-me gravados no coração, porque é lá que guardo tudo o que é eterno!
Seguíamos, então, caminhando lado a lado, eu num esforço de atleta para acompanhar o ritmo do meu pai, no nosso passeio. Lembro-me que o enchia de perguntas! Não tenho presente o teor da minha curiosidade, mas como esta era geral (não fosse eu uma criança), fácil se percebe que, se eu lhe perguntasse algo do género: - ó pai, isto é água? – Antes que ele pudesse responder, já eu estava a perguntar se ‘aquilo era vinho’! Foi uma época mágica, e é a imagem da minha infância!
Os anos foram passando e houve prioridades erradas que me começaram a ter, se é que me entendem…
Adolescência, amizades que afinal não são, influencias, enfim, uma sucessão de factos também conhecida como; vida, que acontece a toda a gente, mas que toda a gente gere de modo diferente.
Nesta fase o meu pai deu-me várias ‘respostas’, sem que eu tivesse feito perguntas… ‘respostas’ a que não dei ouvidos ‘de ouvir’! Afinal, eu já era um homem, e como homem que era, fiz muita, desculpem o termo, merda! Mas essas são outras contas.

Hoje, tenho a idade que o meu pai tinha quando dávamos aqueles passeios na aldeia e, enquanto escrevo estas linhas, não impeço, nem tento sequer, segurar uma lágrima que quer cair ao recordar o meu sorriso, o meu eterno sorriso de criança, orgulhosa, feliz, a passear ao lado do seu pai.
O meu pai, felizmente, ainda hoje acorda todas as manhãs para ‘escrever’ a cada dia uma folha na sua vida. Nalgumas páginas desse Livro, estão também os dias que passa a cuidar das Árvores que plantou num belíssimo pedaço de terreno que possui. Quanto ao Filho…

- Gostava de ser hoje, com a idade que tinhas naquela altura, o que então já eras! Bem sabes que, na mesma turma, um professor tem o aluno que tira 20 Valores e o que tira 8! O teu AMOR, a tua paciência, deu-me tudo o que tenho de bom na pessoa que sou. Se hoje não sou melhor é porque ainda não o soube ser, mas vou lá chegar! Não sei se, para ti, algum dia terei sido, sou ou serei filho, não no sentido biológico da palavra, mas tenho orgulho em te dizer que, em ti, tive, tenho e terei sempre um pai! Obrigado por, na maior parte da tua vida, teres abdicado de seres tu, para teres sido eu! Amo-te, pai.

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