segunda-feira, agosto 31, 2009

O ciúme – Ou o pêssego negligenciado!

Analogia?! Nããããããã…

O ciúme é incrível, digo eu. E incompreensível também, para mim. Sinceramente, gostava muito que alguém me ajudasse a compreendê-lo. Ou não!

Ele existe! Está aqui a palavra; CIÚME – ci-ú-me.

Eu, por exemplo, quando acabo de comer um pêssego, não fico a roer o caroço. O caroço, em último caso, ajuda-me é a perceber que o pêssego acabou.
Coube-me a decisão de escolher um pêssego para comer. Coube-me principalmente, a tarefa de escolher aquele pêssego. Coube-me ainda, a responsabilidade de o conservar comestível. Se por algum motivo negligenciei atenção ao pêssego e ele se deteriorou, ficando para mim incomestível, a culpa é minha.

Contudo, o pêssego não pode escolher outra pessoa para o comer, mas ainda assim, se eventualmente alguém vier que o considere comestível e avançar para o repasto, mais uma vez a culpa terá sido minha. Primeiro porque deixei estragar o pêssego saudável como eu gosto de comer, depois porque, ao fazê-lo, o deixei num estado em que alguém não se incomodará de consumir! Depois, comodamente, covardemente, vou atribuir a culpa ao pêssego por se ter estragado, por não se ter sabido manter em boas condições de conservação, sozinho! Como resultado, irei ter ciúmes pelo facto de ter aparecido alguém que deu atenção ao meu pêssego, vendo-o naquele estado, que aos seus olhos está perfeitamente comestível!

Terei sido um fraco. Assumi que o meu pêssego estaria sempre ali (desculpem o termo), de perna aberta, sempre saudável, fresquinho, infinitamente à espera que eu abrisse os olhos e o comesse. E eu tranquilo… a comer umas uvas por ali, umas fatias de melão acolá. Às vezes quem sabe uma salada de fruta, além! De repente, quando me apercebo que nenhuma dessas frutas chega aos calcanhares do meu pêssego… é tarde. O pêssego pode até nem ser de mais ninguém, ou para mais ninguém, mas para mim, assim meu-meu, depois do trato que lhe dei?!… não será de certeza!

Pode até nem chegar a aparecer alguém para o comer, mas eu vou achar sempre que sim. Pois ao não estar no ponto para mim, estará por certo para outra pessoa… ele não irá impedir que eu o coma.
Mas uma coisa é certa… No estado em que o deixei, vai-lhe ser fácil, muito fácil mostrar-me que não me irá dar prazer nenhum comê-lo!

17 comentários:

  1. É a primeira vez que leio alguém comparar o ciúme a um pêssego... mas olha, resultou num ensaio muito lúcido, saudável e com bastante lógica :)
    (vou começar a olhar a fruta com outros olhos... )

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  2. Olá Mag!

    Bem-vinda de volta. Espero que tenham sido umas férias revigorantes ;))

    Pois, deu-me para este lado. É algo que não consigo compreender muito bem. O que nos leva a ter ciúmes? (aqueles ciúmes cegos, não aquele ciúmito maroto, que até acho saudável).

    É o NOSSO comportamento, quando negligenciado, que leva a pessoa de quem gostamos a ter atitudes, das quais não gostamos. Se assim não fôr, já nada estaremos a fazer ao lado dessa pessoa há muito!

    Um beijinho.

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  3. Olá Gemini

    Pois é meu caro amigo. Há pessoas, cujo seu maior problema é verem alguém interessado do pêssego… Gostariam de ver o pêssego, eternamente implorando por ser comido… Mas pêssegos dessa qualidade; têm direito a dentes decididos…

    …e a bocas que saibam saborear…

    Um abraço do Mário

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  4. Vi uma vez um raio de um filme italiano... "A chave do ciúme", "La Chiave" no original de 1983, do Tinto Brass, com uma tal Stefania Sandrelli, tipo MILF daquela altura... Era sobre um homem de meia-idade que tinha o fetiche de deixar o pêssego à vista na fruteira, e que quando mais a mosca lhe poisava mais lhe apetecia... Coisas...

    Um gajo que conheço costuma dizer que mais vale a alguém comer um bom pudim na companhia dos amigos, do que banquetear-se sozinho com um balde de trampa. Talvez haja quem prefira a trampa...

    Há gente esquisita. E alguns são amigos meus, eu sei.

    Quanto ao ciúme... Até certo ponto são achas para uma boa fogueira, desde que se saiba bincar com ele. Se a coisa de tornar séria, é um defeito grave, temos que crescer e abrir mão da "bailarina"... Encontrar coisa mais válida.

    Um abraço

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  5. Gemini

    Acho que não te vou poder ajudar a compreender.

    Em princípio, o ciúme seria justificado pelo medo, real ou imaginário, de se perder o amor da pessoa amada, tomando para isso atitudes que apenas reflectem uma coisa: falta de confiança nessa pessoa. Como se pode amar uma pessoa em quem não se confia?

    Mostras, aqui, uma percepção que não acorre à mente de muita gente. Até entendo o receio de se perder um amor, mas com toda a certeza não é prendendo-o que se vai conservar. Cuidando-o, sim.

    "...o ciumento (que porém quer ou queria a amada casta e fiel) não quer nem pode pensá-la senão como digna de ciúme, e portanto culpada de traição, atiçando assim no sofrimento presente o prazer do amor ausente..." Umberto Eco, em "A Ilha do Dia Antes"

    O ciúme é uma doença perigosa, capaz de minar não só as relações como também as pessoas. Consomem-se nessa ideia obcessiva. Para mim, o ciúme está mais relacionado com o sentimento de posse do que propriamente de gostar ou amar.

    Depois, há também o reverso da medalha, o querer fazer ciúmes. Como o pêssego, que ao ver-se abandonado no tabuleiro, começasse a saltar para a mão de quem passa. Quando isto é necessário, não seria melhor o pêssego seguir caminho? Uma relação alimentada por estes subterfúgios não augura bom prognóstico, digo eu.

    Beijinho

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  6. Um gajo cujo nome é Tinto, humm… deixa-me curioso…

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  7. "Dentes decididos e bocas que saibam saborear"!

    Pois é amigo Mário. Tudo dito aqui.
    Evitava-se por completo a tal designada dor de c***o, que afinal são os próprios a potenciar...

    Um abraço.

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  8. Ó Cybe,

    aqui quer parecer-me que, se o "gajo" andou por aí a "comer uvas e melão e talvez uma saladinha de fruta", perdeu o "timing" para saborear o pessêgo...

    Abrirá mão duma "bailarina" (que antes só dançava para ele), por exclusiva responsabilidade sua!

    Se a "bailarina" começasse a dançar para... "outros olhos", por não ver nele o "espectador" pretendido, ainda vá... Agora, negligenciar-lhe a dança...

    Venham mais "Tintos"!

    ;)))

    Um abraço.

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  9. Olá Nirvana!

    Sabes, o Amor estará mais preso, quanto mais solto o deixarmos!

    E o ciúme é sim uma prova de falta de confiança. Mas em quem sente ciúme. Não no objecto do ciúme.

    É falta de segurança em nós próprios. Como se nos viesse uma certeza de que não estamos a fazer, a ser o suficientemente "bons" para a pessoa que amamos. É o assumir, conscientemente, que somos capazes de fazer melhor e nem fazemos. E por isso nos invade o receio de que quem "andar por ali perto", pode muito bem fazer melhor ao nosso "pessêgo", do que nós fazemos!

    Se a pessoa que amo sorri, ao dançar com outro homem, um amigo, um familiar, não deverei sorrir a sua felicidade também? - Parece-me óbvio por demais, por isso não o compreendo. Ela já dançava com outros homens, com outros familiares e sorria por isso a fazer feliz! Terá sido também isso que me "fez apaixonar" por ela!

    Eu só tenho de continuar a ser, a mesma pessoa por quem ela se apaixonou! Ou ser melhor. Apenas isto! Se eu fizer isto, e ainda assim ela me deixar, não me merecerá mais amor. Mas se eu, ao invés, piorar comportamentos, de muito me há-de valer o ciúme...

    Um beijinho!

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  10. Mário, só um apontamento, o nome do Sr. é Giovanni, "Tinto" é o nome artístico, o que talvez queira de facto dizer algo. :)))

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  11. O ciume pode ser compreendido por varios aspectos à qual poucos sao os consigo entender.

    1º- o facto de se ter absessao por algo - é minha, esteja em que estado estiver e se nao for minha nao é de mais ninguem - o que por vezes acaba por passar de cuime para obsessao (mas é na mesma ciume, é o facto de nao se querer ver com mais ninguem)

    2º- so se começa a ter ciumes quando por determinado tempo se desvaloriza a coisa, e quando estamos prestes a perde-la (uma vez que outra coisa tenha chamado atençao a essa mesma coisa), o ciume é transparente (calculo que tenas entendido :P)

    ha determinadas situaçoes em que tenho ciumes, pelo facto de achar que determinadas coisas sao apenas minhas e so minhas, mesmo que comece a perceber que é um sinal de que um dia jamais será meu!!

    beijinho :)

    (hades-me explicar desde quando é que um pessego tem duas pernas, quanto mais abertas eheeheh (na brinca))

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  12. Olá Soraia!

    O ciúme é posse, Soraia, quase sempre! O Amor não se compadece com comportamentos/sentimentos de posse... Ninguém é de ninguém! As pessoas só deverão querer que alguém esteja consigo, na sua vida, enquanto lhe for de vontade! E compete a cada um de nós, a cada dia, tomar as atitudes que a isso conduzam!

    Obsessão, é doença... Ciúme, já "cheira" a perda...

    Um beijinho!

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  13. Olá Gemini,

    Toma lá, que apeteceu-me mandar-te esta...

    “Eu não sou água
    Para me tratares assim
    Só na hora da sede
    É que procuras por mim
    A fonte secou
    Quero dizer que entre nós
    Tudo acabou
    Teu egoísmo me libertou
    Não deves mais me procurar
    A fonte do meu amor secou
    Mas os teus olhos nunca mais hão-de secar”

    Cantada por Maria Bethânia

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  14. Pois é Mário,

    É mesmo isso! Impecavelmente resumido! Nada a acrescentar a não ser,

    Um abraço ;))

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  15. Muito bom, Mário! Muito bom, mesmo!!

    Obrigado, forte abraço!

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  16. Pessego...posso comer um pessego por horas...

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A "ler" é que a gente se entende.