Cada dia é uma hipótese de uma outra vida, de uma nova vida. Como se o adormecer fosse o morrer e o acordar, a cada manhã, fosse o nascer, bem entendido. Mas já lá iremos.
Não se trata de questionar, o grau de felicidade com que vivemos. Há muitas pessoas que podem afirmar que são felizes. Que os seus dias, desde o acordar até ao adormecer, são recheados de momentos, que não causam qualquer motivo para desejar não ter acordado nessa manhã. E que as suas noites, são preenchidas, desde o encosto da cabeça na almofada até ao acordar, pelo relaxe total e sereno. E que neste período, são apenas visitadas pelo sonho e nunca pelo pesadelo. É uma forma, provavelmente a padrão, de felicidade, proporcionada por um conjunto de factores que não importa relevar. Importa sim sublinhar, que nada falta acrescentar nos dias e nas noites destas pessoas, pois estamos precisamente a falar de uma felicidade existente. Contudo, esta será apenas uma pequena fatia, retirada de um grande bolo. Acredito que, infelizmente, a maior quota deste bolo seja composta por pessoas, cujo primeiro pensamento, quando abrem os olhos, pura e simplesmente se traduz em algo como: - Oh não! Lá vem a mesma merda outra vez! – Ou talvez um: - F***-*e, a noite já passou?!! Quem dera não ter de me levantar, c*****o. Pois eu convido estas pessoas, que fazem parte desta fatia, a juntarem-se à terceira… uma fatia mais pequena do que esta segunda mas maior do que a primeira, alias, substancialmente maior, que vê no novo amanhecer um desafio. Ou seja, vê no novo dia, a possibilidade de uma vida, ainda que só ligeiramente, diferente da do dia anterior, e por isso, a possibilidade de nova vida, a cada dia que passa!
Como se consegue isto? Pois bem, através da introdução de pequenas coisas que lhe dão sentido. Coisas que até queremos fazer, sós ou acompanhados, há muito tempo e que temos vindo a adiar (e é este adiamento, para um tempo que nunca vai chegar, justamente por nunca chegar, que ainda nos torna os dias mais infelizes). Coisas que queremos dizer a alguém, e que não dizemos, prometendo a nós próprios que dizemos ‘amanhã’, sem a consciência de que isso nos vai pesar no sono e tornar o ‘amanhã’ mais ‘carregado’, esquecendo-nos que anteontem tínhamos prometido que dizíamos ontem, que ontem projectáramos dizer hoje, e que hoje assumimos, bom, já perceberam… uma outra questão é que, para essa pessoa, ou até para nós, o ‘amanhã’ pode já não vir… porque para todos nós, vai haver um ‘hoje’ que já não trará um ‘amanhã’…
São estes pequenos ‘nadas’, os particulares da vida, que mexem com todos os seus aspectos gerais. São estes vazios que temos de encontrar maneira de ir preenchendo. Vazios, minhas amigas, meus amigos, vão haver sempre! A grande sabedoria, está em aceitar a vida como ela se oferece!
Talvez a nossa felicidade, seja a sua própria busca… sou feliz na minha ‘infelicidade’, porque tenho vazios para ir preenchendo… e a cada vazio que preencho, outro vazio se apresenta para preencher… e creio que é por isso que vou sendo feliz… precisamente porque… "I still haven’t found what i’m looking for!"
Até breve.
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