sexta-feira, julho 10, 2009

Brindavam o aniversário dela.







Ele chamou-a pelo ombro.

Pela reacção, ele percebeu que ela sabia aquele momento inevitável. Pela reacção, ele percebeu tudo. Mas para ele, o “sim”, morreria depois da esperança. Então, até se oficializar o “não”, que está sempre garantido à partida, ele via, ainda, tudo verde…

Ela consentiu. E, como só elas sabem fazer, virou-se para ele. Já haviam conversado. Ele havia já falado com ela. Há muito que ela era mais do que o último pensamento do dia… ela era já a insónia. Ela, com palavras, pedira-lhe para adiar outras palavras, dela, para um futuro próximo. Ele concretizou naquele presente, o futuro que ela lhe pedira. Naquele momento, eterno, para ele, não usaram palavras. Ele sorriu-lhe um ponto de interrogação… ela chorou-lhe um não.
Abraçaram-se. Ele a ela, depois de ela a ele. E, ao ouvido as palavras, enquanto eles se sentiam.

Ela:
- És uma pessoa muito especial! Fazes-me sentir especial também, por ter alguém como tu a ver-me, a sentir-me dessa maneira. Não estou a passar uma boa fase. Não iria estar num “nós” de corpo e alma. Ir-te-ia magoar. Ultima coisa que quero.

(Ele, com beijos, saboreou-lhe o sal das lágrimas)

Ele:
(Olhos fechados. A senti-la intensamente nos braços, naquela que ele sabia ser durante muito, muito tempo, a ultima vez que a viveria assim, chorou-lhe)

- Amo-te, S.! Não adianta tentar dizer-te o quanto. Amo-te apenas o quanto consigas imaginar que te amo. Quero que te lembres, que nunca te esqueças, que vou guardar este amor dentro de mim. Que nada vou fazer para o esquecer. Que vou esperar, vou saber esperar que esse pouco que tens dentro de ti cresça ou morra. E vais saber, no momento em que eu for o teu pensamento, que te estou a amar. Quando isso te fizer percorrer pelo corpo um arrepio, saberás que é um beijo meu a chegar. Haja o que houver, S., ainda que no futuro não volte a haver um “nós”, lembra-te que nunca serás inteiramente de mais ninguém, porque parte de ti é, e será minha para sempre! Este coração que está no meu peito é teu. E eu, doce… Estarei sempre à distância que tu me quiseres.
Ela não viu as lágrimas dele.

16 comentários:

  1. É uma vida. Cheia de desencontros, até aquele dia...

    Aí, o sonho que acarinhámos passa ao tubo de ensaio em que se misturam os elementos, e se analisam os resultados.

    Depois as cedências, ou não... Conforme as expectativas.

    Permanece (quando se quer que permaneça) a magia de transformar em cada dia o singular em plural.

    Um dia estamos no lugar certo, à hora certa. Até lá vamos vagueando pelos lugares certos fora de horas, ou por lugares improváveis a horas certas.

    (O fato novo assenta-te muito bem.)

    Abraço!

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  2. Sem dúvida, CybeRider, mas ultimamente tem sido mais o desencontro "cheio de vidas"...

    Vidas que envolvem solidões acompanhadas e hipóteses de felicidade tristes...

    "A principio é simples, anda-se sózinho,

    Passa-se nas ruas bem devagarinho,

    Está-se bem no silêncio e no borburinho,

    Bebe-se as certezas num copo de vinho,

    E vem-nos à memória uma frase batida:

    - Hoje é o primeiro dia, do resto da tua vida..."

    Desencontros...

    http://gemini-poetryland.blogspot.com/2009/06/desencontros.html

    Ainda bem que gostaste do fato novo ;)))

    Na minha "casa de campo", (Link em cima) copiei-Te o "corte"... Mudei-lhe as cores!

    Abraço!

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  3. Já li este teu texto dezenas de vezes. Assim como outro, mais antigo- sonhar perdidamente. E, apesar de os ler tantas vezes, fico sem palavras. Ou melhor, as palavras seriam pouco para exprimir o que penso, o que as tuas palavras me fazem pensar. Por ser tão bonito esse sentimento. Não são apenas palavras que escreves. Nota-se bem de onde vêm estas tuas palavras.
    Eu penso que perdi a capacidade para algumas coisas (a idade não perdoa :)). E amar assim foi uma delas. Mas acho, acho mesmo, que não haverá nada de melhor do que amar e ser amado assim.
    Se me perguntar a mim própria (livre de todos os condicionalismos que, por força das circunstâncias, por defesa, por tantos motivos adoptei na minha vida), se ainda acredito, lá no fundo, acho que sim. Mas prefiro continuar a tentar acreditar que o mundo de hoje não é muito simpático para estes sentimentos.

    "Estarei sempre à distância que me quiseres"... como não posso transcrever o texto todo, escolho esta. Será que quem não valoriza o nosso sentimento, quem no fundo acaba por nos usar porque até lhe fazemos bem, até se sentem bem, até somos assim, muito especiais... será que "merecem"? Melhor, será que eu, não mereço melhor do que esperar por umas migalhas, não mereço o todo? Se calhar, mereço. Decidir se volto as costas, se varro as migalhas para longe ou não é que é difícil. E a distância entre a cabeça e o coração à vezes é enorme.

    Beijinhos

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  4. Olá, Nirvana.

    "Muito pouca gente no mundo conheceu o amor. Esses são aqueles que se tornaram silenciosos, pacíficos… e nesse silêncio, nessa paz, tocaram o âmago do seu ser… a sua alma!"

    (Osho)

    Não sei, de facto e sinceramente, se conheci, conheço ou conhecerei o amor... Faço no entanto, do meu sentimento, o "todo" de que falas. E penso que será esse o segredo para a "paz" que fala Osho.

    Einstein, quando interpelado no seu trajecto para um qualquer lugar, por um aluno que lhe dirigia uma questão, esclarecia-o. No fim da conversa, era Einstein quem perguntava:

    - Desculpe, jovem, pode dizer-me, quando me abordou, reparou se eu vinha da esquerda para a direita, ou da direita para a esquerda?...

    ... E no trajecto que faço vezes sem conta entre a minha cabeça e o meu coração, coloco-me tantas, tantas vezes questão parecida...

    Júlio Iglesias (não sei se gostas mas cá vai na mesma ;) ), numa canção sua (Hey), de que gosto muito, diz (versão em português!):

    "Hey, não pense que lhe guardo algum rancor,

    É sempre mais feliz quem mais amou,

    E esse sempre fui eu..."

    http://www.youtube.com/watch?v=5Iu8D0D2_yI

    Tenta encontrar a paz com este sentimento! Não deixes que alguém faça de ti quem não és...

    Não deixes que termine, em ti...

    http://gemini-poetryland.blogspot.com/2009/07/ainda-nao-terminou.html

    Um beijinho, Nirvana ;)

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  5. Olá!
    Nem sei como comentar este post e como escreve a Nirvana, li e reli e voltei a ler, mais do que ler senti-o, porque já amei ou amo assim e ao contrário de ti faço tudo para o esquecer, para seguir em frente, talvez porque acredito que se tiver de ser é, mas eu não posso ficar me suspenso.

    O que descreves é de uma pureza que quase não existe.

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  6. Olá, Mimanora. Sê bem-vinda a este espaço que será, também, teu sempre.

    "... quase não existe."

    Pois é... Mas existe! E ao que parece, serás também prova disso, ao que sentes...

    Não quero, jamais, quem não me quer! Não devo, sequer, querer!

    Não quero, alguém, para "possuir". Quero, alguém, para me entregar!

    Mas quero o que sinto. Isso, é meu! Ainda que partam da minha vida, nunca o levarão de mim!

    Porém, não fujo... Estarei sempre "àquela" tal distância!

    Um beijinho

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  7. o teu blog estava tao bem com a côr azul...
    fica muito escuro assim!
    (mas cada um trata do seu canto ao seu jeito :P)

    mas vou ali e ja volto para ler o teu texto com atençao ok? :P
    é que esta cor destabiliza-me os olhos eheheh

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  8. Gosto de ler estes textos, onde demonstram grande sentimento, verdadeiro amor, quase impossivel para muitos...
    a verdade é que a definiçao de todo esse amor, é dificil descrever, nao é facil senti-lo, mas acaba por ser mais facil do que descreve-lo...

    é complicado tambem esperar por alguem que nao sabe quais as suas certezas, alguem cheia de duvidas, alguem que nem sempre sabe o que quer da vida (nao estou a dizer que é o vosso caso).
    é complicado viver com a esperança de que um dia ela/ele virá, mais complicado é quando esperamos "eternamente" por essa paixao e simplesmente essa pessoa desistiu, deixou esse amor para tras talvez ate mesmo entregando-se a outro/a...
    digo eu!!

    beijinho :)

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  9. Olá Spraia,
    É uma cor onde as letras terão (ainda) mais luz! Um espaço que elas, mais do que as imagens, iluminam! ;))

    "Negue o seu amor, o seu carinho
    Diga que você já me esqueceu
    Pise, machucando, com jeitinho
    Esse coração que ainda é seu

    Diga que o meu pranto é covardia
    Mas não esqueça que você
    Foi meu um dia

    Diga que já não me quer
    Negue que me pertenceu
    E eu mostro a boca molhada
    Ainda marcada, pelo beijo seu!"

    Negue - Maria Bethânia

    Mais do que o esperar por alguém, que pode até não voltar, (normalmente não volta...)é o não negar o que se sente que, se tiver de sair, sairá de nós tal como chegou... sem licença nossa Será talvez um... Vou amar-te sempre, enquanto durar!

    Afinal, amar alguém será desejar-lhe a felicidade. Nem que seja ao lado de outrem... Acredita, eu sei que dói!

    Um beijinho, Soraia.

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  10. *Soraia, e não Spraia... ( desculpa, são já as Saudades praia; Spraia) ;)))

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  11. Gemini :

    todos nós parecemos como um graozinho de areia (calculo que ja tenhas visto um post a falar disso no do CybeRider :)) e acho que ao juntar as saudades com isso, me confundiste :PP

    estás desculpado LOL

    beijinho

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  12. Olá Soraia,
    Li, sim.

    Nunca receei que não me desculpasses, mas fico mais tranquilo, eheh!

    Um beijinho!

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  13. va, deixa-me pelo menos rir um bocadinho do teu optimismo :

    eheheheheh

    pronto, ja ta. LOL :D

    beijinho

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  14. Não se pode amar com conta, peso e medida.
    Para se amar, temos de nos entregar completamente...
    Desculpa o abuso de comentar, mas revejo-me neste post.
    Como se eu fosse a S. mas sentindo a dor dele... :-(

    À procura do que perdi...

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  15. Vou usar o género masculino para “falar” contigo. (Anónimo é masculino!)

    “A verdadeira medida do Amor é amar sem medida” – (alguém escreveu, não interessa agora quem)
    Para mim, (quase só) faz sentido falar de Amor nessa medida... Desmedidamente eterna. Se me leste, também, nos comentários a este post, viste algures um; "não quero, alguém, para possuir, quero, alguém, para me entregar!" Isso faz jus à entrega completa que referes. O segredo da felicidade de uma relação entre duas pessoas pode estar aí. Terem-se incondicionalmente, sem no entanto se possuírem!

    Quanto ao "abuso"…
    Achas que é? – Eu acho que não, apenas pela forma como registaste as tuas palavras. Isso porém, "obriga-me" a dar-te mais umas palavrinhas…
    O teu comentário é um comentário menos completo. Passo a explicar-me;
    - Começo por, não tendo então o que te desculpar, dizer-te que lamento este anonimato com que apareceste. Respeito-o. Contudo, não sei para que lado te hei-de imaginar mais. Se para uma "S." ou para um "ele". E isso até faz (a) diferença, dada a própria diferença de situação da "S." e D’"ele". Poderia visitar-te a casa, caso tenhas. Mas podes simplesmente não me querer por lá, e eu respeito isso. O mais ingrato, é o facto de me obrigares a assumir-te o género no masculino…

    Detalhes à parte, sê bem-vindo. Volta sempre que desejares.
    Como te assumi no masculino, vou deixar-te…

    Um abraço.

    P. S.
    Se é o melhor para ti, procura sim, o que "perdeste"! Pode ser que ainda estja...

    À distância que o quiseres...

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A "ler" é que a gente se entende.